Os bancos sempre exigiram informações de seus clientes para abrir contas e oferecer crédito. Ou seja, sempre coletaram muitos dados. No entanto, a tecnologia não permitia uma análise rápida o suficiente para utilizá-los para outros fins, como a oferta de produtos bancários personalizados e a criação de novos negócios. O mesmo acontecia com as emissoras de cartão de crédito que, para evitar fraudes, coletavam informações dos titulares.
A tecnologia avançou e agora existem ferramentas para estudar esses dados de maneira rápida e dinâmica, encontrando padrões entre milhões de informações. Alguns empreendedores enxergaram aí uma oportunidade e criaram as fintechs, principais concorrentes das instituições financeiras tradicionais e que, ao final de 2018, somavam 453 empresas no Brasil. Enquanto os bancos possuem estruturas engessadas e pouca agilidade para inovação, as fintechs nasceram no mundo digital e utilizam todas as ferramentas disponíveis em seus negócios – inclusive a análise de dados.
As fintechs são um bom exemplo de empresas que nasceram utilizando dados com inteligência como a base de seu negócio. Além de garantir a segurança das contas, elas usam as informações de seus clientes para criar produtos e serviços financeiros personalizados e melhorar a experiência do usuário. Também resolvem problemas bancários que, atualmente, os bancos não conseguem. Por exemplo, oferecer crédito para a população desbancarizada. Ao analisar os dados, essas fintechs são capazes de avaliar o risco da oferta para cada um de seus usuários.
A fintech Guia Bolso, por exemplo, utiliza tecnologia para estudar as contas correntes de seus usuários e oferece uma análise financeira de seus gastos e dívidas. Já o Nubank, emissor de cartões de crédito, utiliza dados para oferecer uma experiência de uso do cartão mais simples para seus usuários, sendo possível solicitar um cartão pela internet, sem depender de uma agência ou de uma pessoa responsável. A análise de perfil dos futuros clientes, que evita fraude e inadimplência, é feita digitalmente a partir de informações que as pessoas oferecem para a empresa e outras instituições.
Open banking
A análise de dados se tornou ainda mais urgente para as instituições financeiras brasileiras com a chegada do open banking – regulamentação que transfere a posse dos dados bancários para os titulares das contas. No dia 24 de abril, o Banco Central anunciou as diretrizes que conduzirão as novas regras da modalidade. O open banking deve ser implementado a partir do segundo semestre de 2020. Como a nova regra, os titulares poderão compartilhar suas informações bancárias com terceiros, incluindo as fintechs. Assim, a análise de dados deixou de ser uma vantagem competitiva para se tornar uma necessidade.
Os bancos precisam começar a estudar as informações de seus clientes para criar produtos e serviços mais assertivos e que realmente resolvam seus problemas. Por exemplo, uma fintech consegue oferecer uma taxa de juros mais baixa para alguns clientes por entender melhor seu perfil e suas condições financeiras através dos dados. Por que os bancos não podem começar a fazer isso? Eles também podem se aliar às fintechs e criar plataformas, integrando serviços dessas empresas através das APIs (Application Programming Interface). Dessa forma, é possível atender mais gente e mais necessidades oferecendo serviços especializados. Para a fintech, a troca também é benéfico, uma vez que passa a ter o nome de uma instituição tradicional e de confiança atrelado ao seu serviço.
Por isso, as instituições financeiras terão que fazer um investimento razoável em tecnologia e em um time especializado para fazer a análise, trazendo profissionais como cientistas e analistas de dados. Quanto às informações que deverão ser coletadas e estudadas, não existe uma receita pronta. Cada negócio deve definir qual é seu foco e ir atrás dos dados que o ajudarão a atingir seu objetivo. As informações relevantes podem variar desde número de usuários de um determinado serviço oferecido pelo banco até a quantidade de vezes que um aplicativo está sendo utilizado por uma única pessoa.
O GR1D possui um marketplace de APIs para que empresas criem novos negócios com mais agilidade e eficácia, integrando serviços de terceiros em seus processos e realizando trocas e análises de dados constantemente. Para ajudar empresas na transformação de seus programas em APIs, a área de pesquisa do GR1D coleta dados e informações relevantes sobre o mercado para gerar inteligência sobre os serviços.
*Por Thiago Saldanha (Ex-CTO do GR1D) e Tiago Zorzeto (Coordenador de TI do GR1D)