Como a robótica está mudando a medicina?

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Será mesmo que a robótica vai mudar a medicina? Mesmo com centenas de aplicações sendo desenvolvidas com foco no setor de healthcare, os resultados desta associação ainda estão em aberto.

Desde o primeiro surgimento de robôs na medicina, por volta de 1985, muitas aplicações estão sendo desenvolvidas para facilitar cirurgias, exames e a detecção de doenças.

Atualmente, as empresas vêm buscando desenvolver tecnologias robóticas cada vez mais avançadas para transformar a medicina – incluindo membros biônicos, tratamento e descoberta de doenças e reabilitação.

Desta forma, neste artigo vamos abordar como a robótica está impactando a medicina na atualidade, melhorando a qualidade de vida de pacientes, reduzindo tempo de hospitalização e erros durante procedimentos invasivos.

Vamos entrar nos seguintes assuntos:

  • Robôs no centro cirúrgico
  • Robôs na descoberta de doenças
  • Membros biônicos para humanos e robôs
  • Crescimento de robôs no processo de reabilitação
  • Outros usos para robôs no âmbito médico
  • Desafios

Boa leitura!

1 Robôs no centro cirúrgico

Quando se fala em robôs no centro cirúrgico, você pode pensar em filmes de ficção científica, onde eles fazem tudo sozinhos. Contudo, nos dias de hoje, eles funcionam mais como assistentes que auxiliam e facilitam o processo cirúrgico, principalmente em cirurgias complexas ou áreas microscópicas.

O resultado de utilizar robôs em centro cirúrgicos está na redução de infecções e perdas de sangue, por exemplo, visto que a incisão/corte é menor e mais precisa.

Devido aos inúmeros benefícios, nos últimos anos o uso de robôs em cirurgias vem crescendo muito. Só em 2020 o mercado global de robôs para cirurgia representou US$ 2,3 bilhões, de acordo com Grand View Research.

1.1  Revolução na ortopedia

Em 2013, a “revolução robótica” disparou quando uma empresa da área cirúrgica, a Stryker, apresentou o Cirurgião Mako. O sistema Mako pode criar modelo 3D da junta de quadris e joelhos, permitindo que seja feito um plano pré-operatório para cada paciente de forma individual.

Com o planejamento feito, o robô Mako projeta o ângulo e plano de corte, evitando cortes profundos e desnecessários. Devido ao grande sucesso do sistema Mako, a Johnson & Johnson vem investindo forte em robótica, principalmente em ortopedia.

A área ortopédica é uma das mais promissoras, visto o minimalismo dos robôs e a praticidade de realizar procedimentos fora de hospitais, reduzindo o custo final para o paciente.

1.2 Enxergando o pré e pós-operatório

Ainda dentro da área ortopédica, a empresa Smith & Nephew vem desenvolvendo um software para auxiliar cirurgiões a melhorar o fluxo de trabalho para cada cirurgia, facilitando o planejamento pré-operatório e as análises pós-operatórias.

Uma evolução que a Smith & Nephew vem mirando é a integração do programa Brainlab’s (nome da divisão responsável pelo programa de melhoria pré e pós-operatório) ao seu sistema de cirurgia assistida, o NAVIO.

Com isso, além de se ter uma prévia da cirurgia e agilidade nas análises pós-operatórias, a Smith & Nephew planeja integrar realidade aumentada, inteligência artificial e machine learning com seu sistema robotizado.

1.3 Cirurgia remota

Outro ponto interessante do desenvolvimento robótico para medicina é o potencial de cirurgias feitas de forma remota, com o mínimo de processos invasivos. Desde 2001, com a primeira cirurgia completamente remota, muitas empresas apostam em sistemas de cirurgia remota.

Um dos principais pontos que estão na discussão da cirurgia remota é a necessidade de sentir respostas táteis para que os cirurgiões saibam qual o grau de força está aplicando. Além da necessidade de saber a profundidade, já que em uma tela essa noção fica difícil de ser interpretada.

A cirurgia remota pode ser benéfica em casos em que especialistas não podem estar presentes ou mesmo quando há impossibilidade de deslocamento de pacientes. 

2 Robôs na descoberta de doenças

Em 1895, o Raio-X revolucionou o diagnóstico na medicina. Mais recentemente, a Tomografia Computadorizada e a Ressonância Magnética permitem que médicos façam diagnósticos de forma não invasiva, além de permitir a descoberta de doenças antes desconhecidas.

Hoje, muitas pesquisas buscam por robôs que sejam o próximo grande avanço. De robôs microscópicos a “cirurgiões”, muitas pesquisas vêm sendo feitas e trazendo mais robôs para nosso dia a dia.

2.1 Robôs que você pode engolir

A endoscopia é um procedimento invasivo quando realizado da maneira tradicional, o qual pode gerar inclusive complicações, já que é necessário que o paciente seja anestesiado.

Visando melhorar a endoscopia, desde 2001 é utilizado o robô “pílula”, que faz todo o caminho pelo sistema digestivo do paciente sem a necessidade de anestesia ou intervenção humana.

Esse robô faz várias fotos de todo o sistema digestivo, permitindo o diagnóstico pelo médico responsável. O único porém é que os médicos não conseguem controlar o caminho, velocidade ou posicionamento do robô – pelo menos ainda não.

Agora as novas tecnologias visam dar mais controle aos médicos, possibilitando melhores diagnósticos, novas áreas do corpo para explorar e entrega de medicamento localizada.

2.2 Melhorando a saúde respiratória

Os pulmões são uma das áreas mais difíceis de fazer diagnósticos. Por mais que a Tomografia e a Ressonância Magnética sejam de grande ajuda para diagnósticos de câncer, por exemplo, muitas confirmações dependem de biópsias e processos cirúrgicos invasivos, que costumam ser traumáticos para o paciente.

Para melhorar o processo de diagnóstico e processos cirúrgicos nos pulmões, a Auris Health criou o sistema Monarch, adquirido pela Johnson & Johnson em 2019.

Esse sistema permite que médicos controlem um robô dobrável através das câmaras de ar dos pulmões que, além de auxiliar com imagens em tempo real, também possibilita a coleta de amostras.

Com o Monarch, foi possível atingir áreas difíceis e coletar amostras em 92% dos casos tratados, melhorando consideravelmente o diagnóstico e tratamento de pacientes com doenças nos pulmões.

Apesar do resultado promissor, ainda está em fase de testes e processo de aprovação. 

3 Membros biônicos para humanos e robôs

Empresas envolvidas com biônica estão cada vez mais envolvidas na reposição de membros perdidos por próteses biônicas.

Próteses mais acessíveis

Criar próteses leves e baratas é uma área muitas vezes esquecida, principalmente para crianças, que precisam trocar com frequências suas próteses, pois estão em fase de crescimento.

Por isso a Open Bionics vem desenvolvendo membros biônicos impressos em 3D para crianças e adultos clinicamente aprovados. O braço denominado de “Hero Arm” já está à venda na Europa e alguns países do mundo e pode segurar objetos como uma mão.

Tecnologia neural

Apesar de ser útil, próteses como o Hero Arm ainda não entregam ao usuário a sensação de um braço natural. Por isso, existem empresas como a Bios que estão desenvolvendo interfaces de comunicação neural protéticas.

Outro player do mercado que está desenvolvendo tecnologia nessa área é a Neuralink, de Elon Musk. A ideia é que, além de repor membros com próteses, o usuário tenha controle e sensação idêntica ao membro natural, com uma integração completa entre robô e ser humano.

4 Crescimento de robôs no processo de reabilitação

Relacionado com biônica, os robôs para reabilitação têm diversos formatos na indústria médica. Eles começaram a ser utilizados para pacientes em recuperação de traumas cerebrais, tais como derrame cerebral (AVC), ajudando no ganho de força, coordenação e agilidade.

Solução para uma população envelhecendo

Com o aumento da idade da população em diversos países, principalmente os mais desenvolvidos, robôs que ajudam no processo de reabilitação estão mais comuns.

Grandes nomes como Toyota e Honda – isso mesmo, as marcas de carro que você conhece – estão investindo em robôs adequados para facilitar a reabilitação de pessoas, principalmente as mais velhas.

A Toyota, por exemplo, lançou em 2019 o Welwalk, robô destinado à reabilitação com gamificação e ajustes em tempo real, melhorando a motivação do paciente e reduzindo o tempo de tratamento.

5 Outros usos para robôs no âmbito médico

Além dos propósitos médicos diretos citados até aqui, robôs estão sendo utilizados para muitas outras atividades dentro do ambiente médico. Tarefas como esterilização de salas e comunicação.

Salas esterilizadas previnem infecções

Esterilização é essencial para os hospitais. Infecção hospitalar e infecção por cirurgia podem aumentar consideravelmente o período de um paciente no hospital, além de elevar o custo do tratamento.

Por isso, robôs que esterilizam salas são de grande valia para evitar infecções, que podem causar problemas de longo prazo ao paciente.

Estudos mostram que esterilização com luz UV reduz até 98% os patógenos de uma sala de cirurgia. Assim, empresas como Purple Sun e Xenex desenvolvem e comercializam robôs especializados em esterilização de salas.

Robôs de “entrega”

Visando melhorar o atendimento dos médicos às necessidades mais prioritárias, como cirurgias e procedimentos críticos, empresas como Aethon têm desenvolvido robôs que podem entregar/transportar roupas de camas, medicamentos e resultados de testes.

Com robôs executando esse tipo de tarefa, médicos e enfermeiras têm mais tempo de atendimento para pacientes que necessitam de atenção imediata.

6 Desafios para a robótica na medicina

Embora a robótica na medicina tenha avançado e muitos preveem um futuro brilhante, a tecnologia encara obstáculos na adoção.

Um estudo realizado nos Estados Unidos pela FDA (equivalente à ANVISA brasileira) em 2015 revela que, mesmo com cirurgias robotizadas e procedimentos menos invasivos, ainda existem dificuldades técnicas e complicações durante os processos cirúrgicos.

Custo de tempo e dinheiro

Um dos principais obstáculos que as companhias de robótica estão enfrentando é o custo do robô. Por exemplo, construir um robô de precisão cirúrgica, que replique os movimentos humanos, pode gerar um custo na casa de US$ 1 milhão.

Sem contar o tempo que a equipe cirúrgica deve passar aprendendo a trabalhar com o robô, de no mínimo 100 horas.

Legislação e responsabilidade

Aprovação médica é outro grande obstáculo para muitas empresas que desenvolvem aplicações robóticas para healthcare. Agências de regulação precisam aprovar o uso do robô em humanos, que gera longos períodos de teste com custo alto.

Além disso, de quem é a responsabilidade por um diagnóstico errado dado por um robô? Quanto mais autônomos os robôs se tornam, mais urgente se tornam as questões de responsabilidade.

Privacidade

Pacientes podem acabar se preocupando com sua privacidade. Quanto mais robôs com Inteligência Artificial (IA) e maior o número de atendimentos os robôs fazem, mais dados pessoais e informações médicas dos pacientes as empresas desenvolvedoras terão.

Tecnologia não provada

A falta de dados pode fazer com que a adoção da tecnologia se torne mais desafiadora. Mesmo parecendo promissores, ainda não existem tantos dados para provar o custo-benefício da robótica na medicina, principalmente em longo prazo, já que a tecnologia é relativamente recente.

Ética

Além da quantidade de dados que um robô obtém para fazer um tratamento, a falta de interação social que um robô gera ao atendimento é preocupante e ainda gera muitas discussões – principalmente pelos médicos considerarem a interação social fator-chave para um tratamento bem sucedido.

Sem dúvida, a tecnologia robótica para medicina veio para ficar. Existem muitos avanços que a tecnologia proporciona para os tratamentos de saúde e qualidade de vida para os pacientes.

Porém ainda existem várias provações que a robótica precisa passar para garantir uso em larga escala, como o fator emocional durante o tratamento e todos os custos envolvidos durante o desenvolvimento da tecnologia.

Esses e outros fatores ainda pesam na decisão de ampliar o uso da robótica de forma exponencial e em todas as áreas.

Continue acompanhando nosso blog para saber todas as novidades tecnológicas que acontecem no mundo!

Uma resposta

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